A Igreja Matriz de Alhos Vedros é também designada por Igreja de São Lourenço. A sua fundação remonta, possivelmente, a fins do séc. XIII, mas da construção primitiva nada resta. Existe um documento que referencia a igreja de São Lourenço em 1320, podendo-se desta forma afirmar que a sua construção é sem dúvida anterior ao séc. XIV.
É uma igreja de nave única com capela-mor e capelas laterais. Apresenta duas particularidades interessantes, uma é o facto de estar localizada de frente para o rio Tejo, fora do centro da vila o que revela a importância económica e social do rio, a outra é o facto da sua porta principal localizar-se para poente e mais uma vez não para a povoação. Esta última situação dever-se-á talvez à possibilidade dos cristãos ao participarem no culto poderem estar voltados para oriente onde Jesus Cristo nasceu e donde provém a luz.
Esta igreja, tal como a conhecemos é um conjunto estilístico heterogéneo o que revela modos diferentes de encarar a Morte, a Vida e a Devoção.
A frontaria seccionada, por cunhais, em três corpos distintos tem ao centro um pórtico tardo-renascentista, que se firma no frontão com a cruz da Ordem de Santiago, onde está aposta a data de 1602. À esquerda da frontaria, encontra-se a cúpula maneirista de uma capela lateral, coroada por um lanternim.
Em todo o pavimento do adro da igreja estão depostas diversas lápides sepulcrais quinhentistas, algumas delas brasonadas, de que se destaca a de Fernão Martins, 1544.É uma igreja com nave do séc. XVII segundo o "Estilo Chão". O teto da nave da igreja é de caixotões. No caixotão central existe uma pintura intensamente policroma, que data do século XVIII, onde se representa o martírio de S. Lourenço (Patrono da igreja).
As paredes da nave são revestidas de painéis de azulejos azuis e brancos, de belo fabrico, que datam, possivelmente, da primeira metade do século XVIII, cerca de 1730, que relatam passos da vida e da martirização do orago do templo.
MatrizInteriorA capela-mor está também decorada com painéis de azulejos azuis e brancos do século XVIII e tem ainda um retábulo de talha dourada dos finais do século XVII, que inclui duas imagens estofadas, de madeira, uma representando o padroeiro, possivelmente do século XVII e a outra representa a Imaculada Conceição, obra do século XVIII. Os dois altares colaterais têm retábulos de talha dourada setecentista.
Das capelas laterais da igreja destaca-se a dedicada a S. Sebastião, a primeira do lado da Epístola, foi edificada no séc. XV por Pero Vicente (criado da casa de D. Fernando, filho do rei D. Duarte) tendo sido ai sepultado (1473) juntamente com a sua mulher Constança Vaz. A capela de estilo gótico, está coberta por um teto artesoado, de nervuras pousadas em estribos de canto de boa lavra e com três bocetes a firmarem-nas.
A capela foi restaurada por Fernão do Casal (filho do fundador), tendo sido o mesmo sepultado em túmulo com estátua jacente. Femão do Casal foi cavaleiro da casa de D. Afonso V e foi morto na batalha de Zamora em 1476. É o único exemplar de tumulária nobre quatrocentista no distrito de Setúbal: a estátua sobrepujada por um brasão de armas com cinco florões de lis, apresenta Femão do Casal com uma armadura italiana de bom recorte, empunhando uma espada e com a cabeça repousada sobre uma almofada bordada e pés assentes numa mísula lavrada. Este belo exemplar da tumulária nobre da época, assenta sobre três leões calcários já bastante desgastados. Posteriormente em 1730 uma nova iniciativa particular manda revestir as paredes da capela de azulejos brancos e azuis (que retratam passos da vida do mártir e S. Sebastião) refletindo uma religiosidade barroca.
igreja_avA capela de São João Baptista (terceira do lado direito) de estilo Manuelino tem as paredes cobertas de azulejos, do tipo de aresta (azulejos sevilhanos hispano-árabes), da primeira década do séc. XVI. No chão da capela encontra-se a sepultura de Pero Gomes de Faria (1517), cavaleiro de D. Manuel I.
A capela de N.ª Sr.a do Rosário (primeira do lado esquerdo) é datada do séc. XVII com azulejos datados provavelmente do séc. XVIII onde está representada a vida da Virgem.
A capela de N.ª Sr.a dos Anjos (Segunda do lado esquerdo) está datada do séc. XVI e nela pode-se observar uma cúpula mourisca e sepulturas da família Mendonça Furtado, provavelmente seus fundadores. É nesta capela que está depositada a imagem de N.ª Sr.a dos Anjos, datada do séc. XV, feita em pedra e com o menino no braço esquerdo. Segundo a tradição esta imagem está relacionada com milagres e é alvo de devoção em procissão anual.
No batistério da igreja existem azulejos do séc. XVIII onde está representado o batismo de Jesus.
Classificação: IIP. Dec. nº 38 147, D.G. nº 4 de 05-1-1951